#002170 – 08 de Maio de 2025
É-me fácil tirar paralelos entre o clima de São Miguel e a minha personalidade e impossível levar a mal a constante flutuação do tempo na ilha. Ando com o casaco de carapuço, com dois casacos até, um muito leve, para quando está vento frio e calor. Outro que aquece e protege da chuva. Mangas curtas, ou um dos casacos, alterno a vestimenta constantemente. O sol é quente mas chuvisca, ou vem uma nuvem e fica escuro, chovem gotas geladas, ou passa nevoeiro e a seguir sol de novo. Num espaço de meia-hora, as quatro estações. Se subirmos até à Lagoa do Fogo ou seguirmos para as Sete Cidades, por vezes são ainda mais agrestes o nevoeiro, o frio e a chuva. Sou bipolar e mesmo saudável e tratado, o meu humor varia ao longo do dia. Vou-me adaptando à forma como me sinto, tentando não dar demasiada importância aos ventos emocionais efémeros, nem me deixar definir pela atmosfera mental do momento. Em São Miguel, nunca me esqueço que estou num espaço natural, vivo, que a ecosfera não é uma casa climatizada, uma habitação. É um organismo, dinâmico, que se faz sentir. Aqui, não faço nenhum esforço para estar no momento, atento ao que se passa, respirando de forma mais profunda e calma, aceitando as mudanças constantes do tempo.